13.2.06

A Besta

Invisível, contorna-me a casa.
Oiço-lhe a respiração arranhada.
O pisar das folhas secas,
O roçar nas paredes.

Reconheço-lhe a fronte, mais uma vez.
Entra, entranha-se.
Grunhe, poderoso. Rasgante.
Expulsa o sangue, o meu.

Olha-me sem olhos, nos meus.
Aperta-me mais,
Arranca-me os laivos finais.
Da alma já seca.

Depois ri, ofegante.
Dentes sujos de restos meus
Afasta-se e contorna-me a casa,
Mais uma vez.

Sem comentários: