Acaricio as suas paredes macias e escorregadias. Sinto-lhe o musgo. Não se deixa ver, está mudo. Silêncio em espiral que me esmaga. Gotas profanas deleitam-se no meu corpo, escorrendo pela pele trémula. O chão é lama, cimento, betão.
E afunda-se.
Percebe-se agora, mais uma vez, que temos menos tempo. Fica mais pequeno aquele ponto de luz que nos lembra as origens. E fica-se assim, com frio, passando as mãos pelas pedras polidas e molhadas. Neste túnel de preto, de lástima e desespero, ninguém ouve os gritos roucos e fugidios que se escapam.
Aqui, no poço, me fico e me choro.